Cruzadas.
São compreendidas por expedições militares entre 1095 e 1291 com objetivo de libertar o Santo Sepulcro e Jerusalém do domínio muçulmano. Muitos historiadores costumam julgar mal as Cruzadas. O fazem pois querem julgar fatos passados sem levar em conta os valores e consciência geral da época. Em suma julgam fatos passados com os valores e os padrões de hoje.
As peregrinações sempre foram preconizadas pelas 3 grandes religiões monoteístas. A partir do século IV as peregrinações à Terra Santa, com legitimação do Cristianismo, passara a ser cada vez mais intensas. Paulatinamente muitos mosteiros foram erguidos lá para que muitas pessoas pudessem usufruir a proximidade com os lugares santos. O costume de peregrinar continuou até a Idade Média. Nesta época a peregrinação era tão difundida que até mesmo os servos tinham direito de peregrinar a Terra Santa.
No século VII, a expansão árabe fez com que muitas comunidades cristãs espalhadas pela Síria, Palestina e Norte da África perecessem. Em 638 Jerusalém já tinha sido tomada e parcialmente transformada em cidade Árabe muçulmana. A situação dos peregrinos e dos cristãos lá residentes tornou-se cada vez pior. Mesmo que em certas épocas tal situação tivesse melhorado, como por exemplo, graças a um acordo entre Carlos Magno e o califa Haroun al´Rachid. Tais acordos nem sempre foram respeitados. O califa Hakim mandou destruir a basílica do S. Sepulcro, em 1009, e promoveu 10 anos de perseguição a judeus e cristãos. Em 1071 toma Jerusalém e em conseqüência disso os cristãos passaram a ser oprimidos. Não raro chegava ao Ocidente relatos de que os cristãos da Terra Santa sofriam maus bocados e grave situação dos Santuários. As peregrinações tornavam-se cada vez mais penosas visto que não raro os peregrinos eram presos, seqüestrados e torturados.
A população medieval possuía pungente fervor religioso. Não era uma fé imposta, mas convicta. A religião estava presente em quase tudo, até no calendário. Estavam naturalmente a dar grandes testemunhos de fé e a dar crédito a visões, aparições, enfim a todos os sinais palpáveis de Deus.
Também estavam repletos dos valores dos cavaleiros. Um cavaleiro desejava servir a Deus com bravura até mesmo na guerra (caso julgasse que honra Divina devesse ser defendida com a espada). Para notarmos isso é só observarmos as trovas e canções medievais, que narravam atos de bravura de cavaleiros virtuosos. Nessa sociedade impregnada de valores religiosos e da cavalaria, imaginemos como não soava o que os peregrinos contavam sobre a situação na Terra Santa. Espontaneamente, muitos se prontificavam a ir defender seus irmãos de fé e libertar ao Santo Sepulcro, pelo qual os medievais tinham especial devoção. Não se importavam com os perigos que enfrentariam, nem com as privações, nem com o fato de irem para uma terra estranha sem sequer saber como lá chegar.
Em 1095, no Concílio de Clermont, S.S., Urbano II, lançou o programa de expedições para reconquista da Terra Santa. Em conseqüência disso muitos pregadores saíram pela Europa chamando voluntários. Muitos, de todas as classes sociais, atenderam o chamado. Espontaneamente cosiam uma cruz, de pano vermelho, no ombro direito (por isso ficaram conhecidos por cruzados). Esta cruz era o símbolo da campanha. Vieram homens da Itália, França e Inglaterra. A estes fora conferido um benefício espiritual, quem violasse seus bens enquanto estivessem em campanha seria excomungado. De pronto, sem esperar a formação de um exército bem aparelhado, visto que formar um exército demorava tempo. Esses voluntários partiram a Terra Santa sob o comando de Pedro, o Eremita. Muitos foram pereceram no caminho e os outros foram massacrados pelos turcos.
Ao todo, em quase 2 séculos, ocorreram 8 expedições. Nos ateremos, resumidamente, apenas a 1ª e a 8ª .
1ª Cruzada. A Cruzada dos Barões, organizada e estruturada em 4 exércitos dirigidos pelo legado Adhemar de Montieli e grandes senhores do Ocidente (Hugo de Vermandois, Godofredo de Bulhão, Boemundo da Sicília e outros) que deixaram a França e a Itália do sul no verão de 1096, fazendo diversos itinerários terrestres e reunindo-se em Constantinopla e depois na Ásia Menor (1097). Após vencerem os turcos na Dorileía as cruzadas tomaram Edessa, Antioquia (1098) e Jerusalém (1099) que se tornaram com Trípoli as capitais dos Estados latinos fundadas para defender a Terra Santa.
8ª Tendo o sultão Baybars I tomado Antioquia (1268), Luís IX organizou esta Cruzada que, sob a influência de Carlos I de Anjou, se dirigiu para Tunis (1270) onde Luís IX morreu. Após ter concluído um vantajoso tratado para seu reino da Sicília, Carlos de Anjou reconduziu os cruzados à França sem levar socorro aos francos dos Estados latinos do Levante, que, privados da ajuda do Ocidente, tiveram que abandonar a Terra Santa, que logo fora tomada pelos muçulmanos em 1291.
Como em toda campanha, barbáries são cometidas. Com os cruzados não poderia ser diferente. No Concílio de Lião, em 1245, foram feitas admoestações sobre o mau comportamento dos cruzados. Ainda mais que, no caso das Cruzadas, foram utilizados mercenários e condenados, ou seja, pessoas sem nenhum compromisso com a fé. Os historiadores, de um modo geral, só tendem a ver o lado ruim das Cruzadas e dizer que a época medieval era obscura, o que não é verdade (isso é um assunto para um outro dia). Não vêem a bela expressão espontânea de fé daquelas pessoas que por 200 anos demonstraram sua fé de forma prática. Coisa que hoje seria improvável. Hoje vê-se muitas passeatas em favor disso e daquilo mas não se faz nada de forma prática. Graças as Cruzadas ocorreu, devido o contato com a cultura do muçulmana, o incremento na cultura medieval que possibilitou a revolução nos campos das artes, das ciências exatas e de um modo geral, na navegação e no comércio nos séculos XIV, XV e XVI. Pode-se dizer que se não fossem as Cruzadas Colombo não descobriria a América e Vasco da Gama não chegaria a Índia. As Cruzadas tiveram sim um lado ruim, seria insensato dizer que não. Mas propiciaram muitas coisas boas. Enfim: “Deus não permitiria o mal se dele não pudesse tirar bens maiores.”
Baseado neste artigo.