Brasília - O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, disse hoje (01) que só a partir do final da próxima semana os atrasos nos vôos e decolagens nos aeroportos devem começar a ser solucionados. Ele recomendou aos passageiros com vôos marcados para esse feriado de Finados que tenham paciência.
Botelho participou de reunião esta manhã com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e outros representantes de controladores de vôos do país.
O sindicalista disse que os controladores apresentaram ao ministro a proposta de desmilitarização do controle do tráfego aéreo civil. “A posição dos controladores, sejam civis ou militares, é de que essa atividade de controle de tráfego aéreo, no que se refere à aviação civil, não deve ficar dentro de uma estrutura militar”.
Botelho argumenta que as Forças Armadas são preparadas para cuidar da defesa do espaço aéreo, e que o gerenciamento do tráfego aéreo deve ser uma atividade civil.
Segundo ele, na América do Sul apenas o Brasil e a Argentina adotam o modelo de gerenciamento militar. “A Argentina já está mudando. Será que vamos ficar, na América do Sul, como único país que anda para trás?”. Botelho disse que dos cerca de 3.200 controladores de vôo no país, apenas 500 são civis.
O presidente da Associação dos Controladores de Tráfego Aéreo do Rio de Janeiro, Jorge Nunes, disse que as medidas anunciadas ontem (31) pelo governo, de remanejamento de rotas, realização de concurso público para contratação de novos controladores e aproveitamento de controladores aposentados, “são suficientes, mas não vão resolver o problema em curto prazo”.
O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, concorda com seu colega, e afirma que a situação vivida hoje nos aeroportos é reflexo do crescimento da aviação civil nos últimos dois anos, que não foi acompanhada por um planejamento do Comando da Aeronáutica. “Nesses últimos anos houve um crescimento fantástico da aviação e o número de vôos cresceu. Com gerenciamento de tráfego, mesmo com a deficiência de pessoal, estava dando para levar. Porém agora com a saída de 18 controladores, alguns setores foram desativados. Não adianta o controle ativar um determinado setor se ele não tem homens para operar ali”.
Jorge Botelho negou que os controladores estejam fazendo operação padrão. E garantiu que estão trabalhando dentro das possibilidades. “Como vamos colocar determinados setores para funcionar se não temos homens. Então temos que trabalhar gerenciando o fluxo de tráfego. Aumenta-se a separação entre as aeronaves de modo que a quantidade de operadores possa suportar a demanda”.
Pelas normas internacionais, cada controlador de vôo só deve ser responsável por até 14 aviões ao mesmo tampo. Mas segundo o presidente da Associação dos Controladores de Tráfego Aéreo do Rio, Jorge Nunes, em alguns casos, antes do acidente com o Boeing da Gol e o Legacy, cada controlador cuidava entre 16 e 18 aviões simultaneamente.
Jorge Botelho disse ainda que o Comando da Aeronáutica já havia sido alertado para a situação de falta de pessoal, e que em 2004 reivindicaram a realização de concurso ao Ministério do Planejamento para contratação de 64 controladores. Segundo ele, a proposta foi aprovada pelo ministério, mas não sabe porque a Aeronáutica não concordou. “Todos os problemas que os controladores enfrentam foram relatados às chefias. Se elas não encaminham para seus superiores, é problema da nossa estrutura militarizada”.