Muito se reclama que o mundo parece estar de pernas para ao ar. Tudo está numa está numa desordem jamais vista. Nos meios de comunicação só se ouve falar de mortes roubos e de verdadeiras quadrilhas que se apossaram do poder público. Na televisão não passa nada que presta. Mas de quem será à culpa por este estado desordem generalizada, muitos se perguntam. Pode-se dizer que não há um só “culpado” mas vários e dentre eles nós mesmos. Que muitas vezes, sem sabermos, possibilitamos este caos graças a algumas de nossas ações. Porém às vezes somos induzidos, mal intencionadamente, a agirmos erradamente achando que estamos fazendo o certo. Afinal a desordem é como uma semente, só nasce em terreno fértil. Você deve estar pensando como eu posso ter culpa nisso tudo? Como posso ser induzido a agir errado? Continue lendo e verá que é verdade.
A corrupção, tão em voga. Todos ficamos muito escandalizados com que vemos e ouvimos falar sobre lavagem de dinheiro, nepotismo e roubo em praticamente todas as esferas do Estado. Agora, lhe causaria escândalo se alguém (ou você mesmo) cometesse uma infração leve de trânsito (como andar de bicicleta na calçada) e sendo abordado por um guarda desse “uma cervejinha” ao mesmo a fim de não ser multado? Certamente você não se escandalizou tampouco achou errado. Afinal é uma coisa tão pequena, deve ter pensado, que mal há? Veja bem. Suponha um triângulo reto cujos lados meçam 3, 4 e 5 unidades, respectivamente. Agora imagine outro cujos lados meçam 300, 400 e 500 unidades, respectivamente. Faço uma pergunta: qual a diferença dos triângulos em questão? Você vai dizer o tamanho, obviamente. Pois lhe digo que eles são iguais e a única diferença deles é que seus respectivos lados estão em escalas diferentes, mas são proporcionais. Ou seja, triângulo maior nada mais seria que o menor visto através duma lupa que o aumentasse 100 vezes.
Portanto a diferença entre o ciclista que subornou o guarda que aceitou o suborno e um político desonesto é mesma entre os triângulos. Nenhuma só a proporção é diferente.
O que você acha de um falsário? Não deve achar uma coisa boa, afinal quantos danos podem trazer assinaturas falsas, dinheiro falso, documentos falsos. Mas você cola ou já colou. Certamente deve achar isso normal ou sem importância afinal todo mundo cola e como já se diz: “Quem não cola não sai da escola.”. Porém, já lhe ocorreu que o ato de colar configura o crime falsificação de documento e falsidade ideológica? Veja bem, uma prova visa saber o quanto você aprendeu sobre uma matéria. Colando você coloca na prova coisas que você não sabe, isto é, falsifica o documento que a prova é. Então pense bem antes de colar.
Preconceito. Você deve ficar horrorizado ao ouvir casos de pessoas que foram destratadas só pelo fato de serem negras, pobres, homossexuais etc. Certamente você deve achar isso terrível abominável. Deve achar que pessoas que destratam outras por tais motivos deveriam receber uma punição exemplar. Você deve se achar uma pessoa sem preconceitos. Mas vejamos uma coisa: Numa situação hipotética imagine que você tem um filho(a) e que ele(a) tenha um(a) namorado(a) que você não conheça. Então um belo dia seu filho(a) leva sua(seu) nora(genro) até sua casa. Agora imagine sua(seu) nora(genro) sendo NEGRA(O) . Mesmo se você for negro deve ter sido um choque quando teve que imaginar sua(seu) nora(genro) negra(o). Principalmente se você se achava sem preconceito. Você acha que tem preconceito contra homossexuais? Acha que não. Melhor assim. Vejamos se é assim mesmo. Supondo que você descubra que seu melhor amigo seja homossexual. Você deixaria de falar com ele? Se continuasse falando ficaria magoado com ele mais(ou somente) por ele não ter te contado nada ou mais(ou somente) pelo fato dele ser assim?
Supondo agora que você tenha um filho e esse chegasse a você e se declarasse homossexual. Como você acha que reagiria? Só responda as perguntas seguintes se for homem: Você gosta de ser chamado de viado? Isso te incomoda pelo fato de ser um xingamento ou pelo fato de significar ser homossexual?
Dependendo de como respondeu as perguntas acima saberá se tem preconceito contra homossexuais ou se mais um hipócrita adepto da seguinte frase: “Não tenho nada contra viado, mas na minha família, graças a Deus, não tem nem terá essas coisas.”.
Mudando um pouco de assunto, suponha que você vai a uma festa de um amigo onde duas garotas te interessam muito e correspondem ao seu interesse. Você pergunta ao anfitrião se ele conhece as meninas e o rapaz diz que sim e começa a falar sobre elas. Uma ele disse que é muito maneira, engraçada, carinhosa, companheira, simpática e adora crianças tem uns 20 anos e tinha tido 5 namorados e não era mais virgem. Sobre a outra ele disse que ela tinha uns 20 anos também, era legal, embora fosse um pouco tímida, gostava de música eletrônica bebia socialmente e era virgem e dizia que só transaria depois do casamento. Então, com qual dessas garotas você teria uma coisa mais séria, com a primeira ou com a segunda? (se for mulher, qual das duas você indicaria para um amigo, um irmão ou até mesmo a um filho?)
Certamente você escolheu a segunda? E digo mais, o fato dela ser virgem foi o que mais contou. Não é verdade? Se é verdade é quase certo que você tenha preconceito moral. Isto é, você se preocupou mais com o fato dela ser virgem e nem prestou atenção nas qualidades da outra garota e provavelmente nem das dessa que escolheu. Isto é bem comum. Noutras palavras julgou o livro pela capa. Muitas vezes rapazes não aprofundam relações com uma garota, que até gostam e acham legal, só pelo fato dela não ser mais virgem ou já ter tido outros parceiros antes dele. Dando preferência a garotas que menos “experientes” para se relacionar de forma mais séria, mesmo que estas não o agradem muito. Não estou dizendo que se deve dar preferência a um tipo de garota em detrimento da outra, mas o fato de ser menos ou mais “experiente” não é garantia de fidelidade e/ou lealdade ou até mesmo de seriedade e moralidade por parte dela.
Muito se fala hoje que o sexo está banalizado que as moças não se dão mais ao respeito e os rapazes agem como animais no cio. Pais e educadores se preocupam pois os jovens de hoje estão num mundo sem regras. Agora uma pergunta: Você é a favor do uso da camisinha? É quase certo que diga sim. Todo mundo acha legal usar camisinha, afinal as pessoas tem que se proteger das D.S.T.s, você vai dizer. Não raro se recomenda aos pais e aos educadores a orientarem os jovens a usar camisinha. Que obedecem sem pestanejar. Todos os meios de comunicação propagam essa idéia.
Porém não percebem que fazendo isso estão ajudando a alimentar um “dragão” que não tardará em “morder-lhes”. Em vez de orientarem os jovens de que sexo não é uma recreação, fazem como nos comerciais de antiácidos que indiretamente dizem que você pode comer qualquer porcaria que não terá problema se tomar um antiácido. Agindo assim seria como se falassem: “Garotos comam todo mundo, meninas dêem para qualquer um. Afinal a camisinha os protegerá”. Depois vão se queixar que os jovens não tem limite no que tange a sexo. É claro que não se a camisinha os protege de tudo (o que não é verdade) por que limites.
Outra coisa errada que muitos pais fazem errado é “legalizar” comportamentos errados dos filhos sob a seguinte justificativa: “Já que vão fazer mesmo, que seja sob minha vigilância”. Permitindo assim que a casa vire um motel. Por acaso se alguém levar um leão para dentro de casa ele vai deixar de agir como um leão? Por acaso vai deixar de ser um carnívoro e feroz? Claro que não. Então não é levando “leões” que para casa que eles se tornarão coelhos ou carneiros. Serão a mesma coisa independente de onde estejam. Corroborar um erro não vai fazer que ele deixe de ser um erro tampouco amenizará suas conseqüências.
A televisão, melhor dizendo as emissoras e seus gestores, e outros meios de comunicação e entretenimento, como cinema, de certa forma induzem às pessoas a pensarem de uma forma errada. Como, por exemplo, ir contra religiões( principalmente a católica ) e o Estado de um modo geral. Se passarem a prestar a atenção verão que os geralmente os vilões são religiosos ou agentes de Estado corruptos ou de caráter dúbio, dissimulado. Exs: no filme o “O Corcunda de Notre Dame”, monsenhor Frodo é retratado como uma pessoa recalcada e invejosa; na novela “Xica da Silva”, a vilã da história, Violante, é uma mulher frustrada e católica de fachada que usa a religião para justificar suas atitudes escusas; no desenho “Aladdin”, Jafar, o grão-vizir do sultão é um homem mesquinho e interesseiro; no filme “Robin Hood , o príncipe dos ladrões”, o xerife é um homem sem escrúpulos que usa do cargo que detém para benefício próprio, assim como o bispo que é completamente materialista. Vejam que dificilmente os mocinhos do tem alguma religião. Quando não são ateus veneram a algum deus pagão ou seus poderes vem de algum oráculo místico. Vejam quase nunca filmes de ficção fazem menção alguma a qualquer religião. Os desenhos então nem tocam no assunto quando falam de Natal falam só papai Noel e nem tocam no nome de Jesus.
Puxe pela sua memória e lembre de algum filme, novela ou desenho animado que algum personagem injustiçado, ou que teve algum ente querido injustiçada, não pegue uma arma e saia matando todo mundo ou cerre os punhos e parta para porrada em busca de vingança? Não lembra de nenhum? E de algum que o injustiçado tenta resolver as coisa de acordo com a lei com qualquer um faria, lembra? Nem vai lembrar eles não existem. Praticamente todo filme, desenho, enfim, passa a mensagem que só a violência resolve as coisas. Somos acostumados com isso, a naturalizar isso. A ponto agirmos de forma violenta e compactuarmos com violências sem percebermos nada. Depois ninguém sabe o motivo de tanta violência.
Poderia falar muito mais mas já disse o bastante. Vemos que muitas vezes preparamos o terreno para que caos se estabeleça, com atitudes aparentemente inocentes. Que outras fazemos tudo aquilo que rejeitamos e nem temos consciência disso. E que ainda outras somos “levados” a agir erroneamente, mas ainda quando “levados” temos uma parcela importante de culpa. Temos que estar muito atentos para o que nos é dito e mais ainda ao que fazemos e dizemos. Temos que entender que não há um só fator gerador da desordem atual, mas sim vários. Uns com mais e outros com menos importância.
Angelus Pacifer
quarta-feira, 30 de agosto de 2006
DE QUEM É A CULPA ?
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