Trinta e dois anos depois do restabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e China, o Senado brasileiro dá mais um passo na intensificação dessa amizade ao receber, no próximo dia 30, Wu Bangguo, presidente do Comitê Permanente da Assembléia Popular daquele país. Ele assinará Memorando de Entendimento e Cooperação entre os Parlamentos da China e do Brasil e terá um encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros.
A visita dessa autoridade chinesa inclui encontros com os governadores de São Paulo, Cláudio Lembo, e do Amazonas, Eduardo Braga; com representantes do Conselho Empresarial Brasil-China e do Parlamento Latino-Americano, além de palestra para empresários brasileiros sobre o desenvolvimento econômico desses dois países.
Em matéria de crescimento econômico, a China supera hoje todas as expectativas do mundo, desde que abandonou seu regime comunista ortodoxo por uma experiência chamada socialismo de mercado. O país emergiu como o principal pólo de desenvolvimento do Leste asiático, registrando crescimentos no Produto Interno Bruto (PIB) superiores ao de qualquer outra economia do planeta.
Em 2001, a China tornou-se membro da Organização Mundial do Comércio (OMC), abrindo seu mercado a produtos de todo o mundo e permitindo o ingresso de capital estrangeiro em setores estratégicos. Em contrapartida, produtos chineses passaram a invadir mercados mundiais, levando-os inclusive a tomar medidas preventivas. O Brasil, por exemplo, acaba de fechar acordo com fabricantes de brinquedos chineses, limitando sua importação até 2010 a uma cifra em torno de US$ 90 milhões.
Dados da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico informam que, em 2005, a balança comercial entre os dois países chegou a US$ 12,1 bilhões, com as exportações brasileiras para aquela nação situando-se em US$ 6,8 bilhões. A China é hoje o terceiro mercado com o qual o Brasil negocia, atrás apenas de Estados Unidos e Argentina. A soja continua sendo nosso principal produto de exportação para os chineses.
O entendimento diplomático continua sendo o principal tema de interesse do Brasil. Desde que Brasil e China restabeleceram relações diplomáticas, em 1974, o relacionamento entre os dois países tem sido marcado por ampla convergência de posições nos organismos internacionais. A visita de Wu Bangguo ao Brasil ajuda a consolidar essa parceria estratégica, baseada não só no grande potencial das relações comerciais, mas numa visão multilateral comum, de duas nações que buscam a construção de uma nova ordem mundial.
Teresa Cardoso / Repórter da Agência Senado