WASHINGTON (Reuters), 26 de outubro - O presidente dos EUA, George W. Bush, sancionou nesta quinta-feira uma lei para a construção de uma cerca de 1.126 quilômetros ao longo da fronteira do país com o México, uma medida, aprovada em um ano eleitoral, para o combate à imigração ilegal e para ajudar o Partido Republicano nas urnas.
A manobra deve deixar os mexicanos furiosos. O presidente eleito do México, Felipe Calderón, disse neste mês que a lei "complicaria enormemente" as relações com os EUA.
O Partido Republicano espera que a medida renda-lhes alguns votos para o pleito de 7 de novembro, com o qual o Partido Democrata espera tomar o controle do Congresso.
"Temos a responsabilidade de garantir a segurança de nossas fronteiras. Encaramos essa responsabilidade muito seriamente", afirmou Bush na cerimônia em que assinou o projeto de lei, no Salão Roosevelt da Casa Branca.
O presidente negou-se, durante bastante tempo, a apoiar um projeto de lei limitado a garantir o controle da fronteira, tendo gastado meses tentando, sem sucesso, convencer o Congresso a aprovar uma medida mais ampla que incluiria um programa de trabalhadores visitantes para os imigrantes ilegais.
O Senado aprovou o projeto defendido pelo dirigente, mas os republicanos que controlam a Câmara dos Deputados descartaram o programa, temendo o impacto eleitoral entre os norte-americanos preocupados com as conseqüências da imigração ilegal em seus Estados.
Em suas declarações, Bush insistiu que o programa de trabalhadores visitantes melhoraria a situação da fronteira e disse que os norte-americanos precisavam enfrentar a realidade de que milhões de imigrantes ilegais já moravam nos EUA.
"Precisamos reduzir a pressão em nossas fronteiras criando um plano para o trabalho temporário. Os trabalhadores dispostos a assumir as atividades que os norte-americanos não estão assumindo em caráter temporário deveriam ser aproximados dos empregadores dispostos a dar-lhes emprego", afirmou.
A cerca de 1.126 quilômetros se estenderia por quatro Estados do sudoeste norte-americano - a Califórnia, o Arizona, o Novo México e o Texas. A fronteira entre os EUA e o México possui 3.200 quilômetros de extensão.
A nova lei não prevê quem pagará pela nova cerca e limita-se a autorizar a construção dela. Parte do dinheiro para a cerca, 1,2 bilhão de dólares, viria da lei de segurança interna sancionada pelo presidente neste mês.
Os republicanos presentes no Congresso aprovaram o projeto semanas atrás, mas demoraram até enviá-lo a Bush, deixando para tomar a medida em uma data mais próxima do dia da eleição.
Os democratas viram na nova lei uma manobra eleitoral.
"Ao abandonar a reforma ampla no setor de imigração e aprovar essas manobras políticas feitas em anos de eleição, o presidente Bush e os republicanos de Washington colocaram, mais uma vez, os interesses de seu partido acima dos interesses do povo norte-americano", disse Luis Miranda, porta-voz do Comitê Nacional Democrata.
Por Steve Holland, reportagem adicional de Thomas Ferraro